Como melhorar a abordagem dos usuários de drogas?

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Como melhorar a abordagem dos usuários de drogas?

18 October 2011

Novo curso “Diminuir para somar: capacitação em redução de danos sobre álcool e outras drogas” visa a ajudar os agentes comunitários de saúde a melhorar a abordagem de usuários de drogas e o prosseguimento dos casos.

No seu trabalho cotidiano, os agentes comunitários de saúde (ACS), componentes das equipes de Saúde da Família, têm percebido que o uso abusivo de álcool, maconha, cocaína e crack faz parte do cotidiano de muitos moradores das comunidades atendidas. Na realidade, as drogas estão presentes no dia-a-dia das famílias assim como outros problemas de saúde, como a diabetes, a tuberculose, a dengue e as doenças cardíacas. Só que, por ser um tema tabu, as pessoas não tratam do assunto.

Segundo Fabiana Lustosa, Coordenadora Psicossocial do Viva Rio, o tema do uso de drogas precisa de mais atenção nas comunidades. “As pessoas que usam álcool e outras drogas estão aí e os ACS muitas vezes até as cadastram como pacientes, mas a problemática das drogas acaba sendo colocada de lado. Os ACS abordam as outras patologias, mas não perguntam sobre o problema de álcool”, explica a psicóloga.

Diante deste contexto, surge a questão: será que os ACS estão preparados para lidar com o tema da dependência química e as dificuldades e impasses aí envolvidos? A resposta é não. Mas por pouco tempo. A organização social de saúde Viva Comunidade, em parceria com a Coordenação de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) do Rio de Janeiro, desenvolveu o curso “Diminuir para somar: capacitação em redução de danos sobre álcool e outras drogas”, especificamente pensado para os ACS.

A Coordenadora de Saúde Mental do município do Rio, Pilar Belmonte, explica que o objetivo é capacitar todos os ACS como redutores de danos, fornecendo as ferramentas necessárias para que eles consigam lidar com os múltiplos casos de abuso de álcool e outras drogas nas comunidades. “Em uma primeira fase capacitaremos 50% dos agentes, mas a idéia é que com o tempo todos eles virem redutores de danos”, frisa Pilar.

O primeiro passo para fornecer aos ACS as ferramentas para lidar com essa questão foi a cartilha de redução de danos “Diminuir para somar”, lançada em abril desse ano. A segunda ação é este curso, cuja primeira turma teve início neste mês de agosto, que busca ajudar os ACS a internalizar os princípios básicos da redução de danos.

Neste primeiro momento, 210 agentes participarão do curso. Estes profissionais pertencem à área 3.3 do Rio de Janeiro, que possui o maior número de bairros na cidade (29 no total) e uma população de 965.000 habitantes, de acordo com o censo de 2006. “A gente pensou em começar com a área 3.3 justamente por ser a área com menos recursos com relação ao tema de álcool e drogas e também a mais carente sob o ponto de vista socioeconômico – possui o segundo IDH mais baixo da cidade”.

Dos três Centros de Atenção Psicosocial de Álcool e Outras Drogas (CAPS-AD) que existem no município do Rio de Janeiro, nenhum se encontra na área 3.3. “É claro que a área precisa de equipamentos especializados, porém, um dos aspectos que almejamos é estimular atitudes mais proativas pelo ACS. À medida que eles começam a discutir estas questões nas suas reuniões de equipe e, consequentemente, passam a levar as necessidades identificadas aos fóruns, eles fomentam a discussão bem como a criação de estratégias para lidar com os problemas. Mas não é só isso o que procuramos. Queremos que os ACS ampliem sua visão e tenham melhores ferramentas para atender os problemas de álcool e outras drogas dentro das suas equipes, sem necessariamente precisar referir os casos aos especialistas”, frisa Fabiana.

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